Resenha de Filme: A Árvore da Vida

Um filme sensível, confuso e um tanto onírico. A Árvore da Vida é um filme sobre amor, morte, perda, luto, família, raiva, trauma e tantas outras coisas. Afinal, fala da vida.

E afinal, o filme é essa loucura toda que dizem que é?

O filme de Terrence Malick foi desenvolvido já há algumas décadas, mas sempre foi adiado. No entanto, a espera parece ter valido a pena uma vez que o longa foi indicado ao Oscar de Melhor Filme esse ano, juntamente como uma indicação por Melhor Fotografia e Melhor Diretor (clique aqui para ler sobre outros filmes concorrendo ao Oscar). O elenco também é de primeira, apresentando atores de peso como Brad Pitt, Jessica Chastain e Sean Penn. Arrancando alguns suspiros de “incrível” ou “o quê?” por onde passa, é sem dúvida um filme no mínimo interessante de ser assistido.


Digo isso porque A Árvore da Vida, com seus 138 minutos, não é um filme convencional. Ele possui elementos artísticos um tanto fora dos padrões de Hollywood como grandes monólogos off-screen; montagens de imagens fora do enredo do filme; um enredo não-linear que não necessariamente tem começo, meio e fim; e diálogos conduzidos por sussurros de cunho existencial. Na Wikipedia, o filme é definido assim:

O filme mostra as origens e o significado da vida através dos olhos de uma família da década de 1950 no Texas, tendo temas surrealistas e imagens atráves do espaço e o nascimento da vida na Terra.

E é isso mesmo. Parece bem estranho, e é mesmo. Lá pela meia hora de filme (depois de vermos uma Jessica Chastain mais velha chorando a morte do fillho), o espectador é bombardeado com imagens do Big Bang e do nascimento de constalações e depois o desenvolvimento da vida na Terra que vai parar nos dinossauros. Passado isso, nos damos de cara com Brad Pitt e Jessica Chastain em interpretações muito intensas como um jovem casal no Texas e seus conflitos de família. (Inclusive, acho que a Chastain arrasou nesse filme numa atuação muito comovente.)

É aí que conhecemos melhor a família O´Brien que tem três filhos, três meninos. A história se foca mais em Jack, o filho mais velho, que sofre com a dureza do pai e busca conforto no jeito angelical da mãe. O relacionamento entre Jack e seu irmão mais novo, R.L, é mostrado como algo especial e ao mesmo tempo perturbador. Jack percebe que o irmão é diferente, mais doce e tranquilo, e que tem uma sabedoria que ele desconhece.

O filme emociona em alguns momentos por esse retrato de família. A história parece ganhar uma linearidade ao contar os conflitos entre Jack e seu pai, mas não há nenhuma conclusão. De repente o filme muda pra outra coisa. E novas imagens aparecem, o fim do mundo, Sean Penn (que interpreta o Jack adulto) melancólico no escritório, a família na praia e etc.

Bem, eu digo que A Árvore da Vida é um filme para ser sentido e não entendido. Ou seja, ficar procurando uma história linear ali não vai ajudar em nada e vai te deixar frustrado. Então sente-se numa tarde feliz e assista esse filme sem pretensões e se emocione com as imagens e com as sensações propostas pelo filme. Pense um pouco na sua vida, na sua família, se pergunte um pouco o que você faria para viver melhor e faça isso. Pronto.

Considero esse um filme muito bom, apesar de ter sido longo demais. Inclusive a duração é meu único questionamento em relação a esse filme. Acho que se ele fosse menor, seria mais impacante e mais interessante até. Porque quase meia hora de constelações beira a exaustão mesmo.

Quanto ao Oscar, acho que está na lista dos azarões de Melhor Filme. Imagino que a grande chance que tenha é de levar o prêmio de Fotografia. E sim, esse filme teve uma fotografia primorosa que com certeza vale um prêmio.

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8 Comentários

  1. Lendo a resenha do filme lembrei do comentário que eu ouvi a Maria Beltrão fazer no programa dela: que dormiu metade do filme. Ai eu pensei, ela vai apresentar o oscar né, é o melhor que a globo tem?
    Eu ainda não assisti o filme, não vou avaliar antes de ver, mas não me parece algo que vai prender minha atenção, eu gosto de um pouco mais de ação, não sei se vou ter paciencia, mas vou ver pois acredito que o Brad Pitt esteja atuando muito bem (e ele tb é um colirio, pronto falei).

    Mudando de assunto:
    Segunda eu vi Meia noite em Paris, nossa que filme bom, me identifiquei muito com o personagem do Owen Wilson, pois tenho esse mesmo apreço pelo passado, uma saudade de algo que não vivi. E a aparições de artistas famosos, foram fantasticas.

    • Nossa, que falta de profissionalismo esse comentário, hein? Ela podia dizer que não tinha gostado, que achou maçante, mas daí a dizer que dormiu… que coisa mais tosca!

      Ju, se você gosta de filmes de ação, vai estranhar “Árvore”. Mas faz como eu disse: tenta pensar que é um filme pra ser sentido e não entendido. Isso ajuda. E o Brad Pitt ajuda sim. ho ho

      Sim, “Meia-Noite em Paris” é fofo! Eu adorei. Eu também me identifiquei também, acho que todos nós temos esse apego ao passado mesmo. Eu queria ser jovem em 70, mas enfim…

  2. Eu fico pensando que tem uns conchavos para pessoas como a Maria ter um programa ou apresentar um evento como o Oscar, no programa ela até legal, mas nunca tem um opinião original. Tem outros vários comentaristas culturais que são mil vezes melhores. Tem um chamado João Paulo Cuenca que esta sempre no programa da Maria, que é maravilhoso, os comentários dele são sempre inteligentes, mas como ele é um pouco mas acido nos comentarios, não deve ter espaço para um evento como o oscar.

    Eu vou ver Arvore da vida, por que fiquei curiosa, e as atuções do Brad e da Jessica foram muito elogiadas.

    Eu gostei tanto de Meia noite em Paris e fiquei tão inspirada que criei uma coluna no blog para fazer umas resenhas de livros classicos.
    A juventude na decada de 70 também é meu sonho.

    bjs

    • Ah, adorei a ideia da coluna do seu blog, Ju! Bacana mesmo. Tem muitos clássicos que são ótimos.

      Eu também não entendo porque pessoas como essa mulher estão presidindo eventos desse porte. É uma ofensa às pessoas que estudam cinema, sinceramente. Deve ser algum conchave mesmo, não tem outra explicação. Daqui a pouco colocam gente tipo Adriane Galisteu pra apresentar o Oscar…

      • Alguém pode me explicar, por favor, qual irmão q morreu?
        Na minha opinião o filme ficou a desejar nesse quesito, O autor focou mais em imagens e deixou de lado a trama da família.
        No final, quando eles se encontram na praia fica a enteder q estaria ali todos mortos pra fazer uma passagem, ou algo do tipo. Porém os dois irmãos estão crianças enquanto somente Jack está adulto e a família é composta por 3 filhos. Alguém q tenha entendido o a trama pode me explicar?

  3. A história dramática da família me parece singular demais para ser contada junto com a história da vida. Existem diversas situações mais relevantes que a convivência com um pai rígido. No entanto compreendo que há uma certa analogia entre a relação do pai com a família e a relação das pessoas com Deus. Só que ainda assim…
    2 horas e 18 minutos é um exagero! O filme cansa! ! !

    PS: Eu dormi na metade!

  4. Alexandre Schubert

    Acabei de assistir e gostei demais, em que pese a primeira meia hora de imagens belíssimas e aparentemente sem sentido, o filme é muito bom. É mesmo para ser sentido, vivenciado. Vale à pena assistir.

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