Resenha de Livro: Comprometida, de Elizabeth Gilbert

Faz um tempo que eu queria comentar sobre esse livro que foi um dos melhores que li esse ano. Comprei logo depois de assistir o filme Comer, Rezar, Amar estrelado por Julia Roberts e baseado no livro de mesmo nome escrito por Elizabeth Gilbert. Comprometida conta o que aconteceu com Liz (o livro é uma autobiografia) depois de encontrar Felipe naquela praia maravilhosa em Bali.

No livro, Liz se encontra num verdadeiro martírio que é se casar com Felipe. Isso pode parecer um grande contra-senso uma vez que eles dizem ser o amor da vida um do outro, mas a verdade é que eles juraram nunca se casar. Isso por conta do trauma do divórcio. O problema é que Felipe é brasileiro de nacionalidade australiana e é proibido de entrar nos Estados Unidos. Para ficarem juntos, eles precisam se casar legalmente. Calma, não contei nada demais, isso acontece logo nas primeiras páginas.

Gilbert escreve de um jeito leve e engraçado, discutindo o mundo feminino com elegância e realidade. Nada de idealizações, nada de fantasias. A idéia da escritora foi de estudar a instituição casamento já que se veria dentro dela em poucos meses. Então o livro é cheio de referências históricas, casos, reflexões, entrevistas e pensamentos sobre a instituição casamento em várias culturas. Por conta disso, achei que a tradução brasileira do título “Comprometida – Uma história de amor” dá uma idéia completamente equivocada a respeito do que se trata o livro. Afinal, não é uma história de amor, é uma história sobre o casamento.

Obviamente que há relatos da vida a dois de Liz e Felipe, mas tudo de uma forma muito sutil. E a falta de perfeição afasta o livro da categoria “Chick-Lit” para chegar num ponto em que você não sabe se está lendo um livro de memórias, um livro de história ou uma tese sobre a condição feminina no casamento através dos tempos. Tudo isso de uma forma sensível e tocante, que faz com que seja possível refletir sobre aspectos importantes do casamento e sobre uma perguntal fundamental que poucas pessoas fazem: “Por que quero me casar?”.

Esse livro veio de uma forma muito pessoal para mim pois eu mesma estava às voltas pensando no assunto, mas sem nunca ter realmente refletido no aspecto institucional e histórico da coisa. Quer dizer, se casar por amor é tudo que eu sempre pensei, mas existem outras coisas por trás. E são nessas coisas que temos que pensar. Gilbert diz que precisamos encontrar algo que nos faça acreditar no casamento antes de embarcar nele. E seu livro é a representação física dessa busca que ela empreendeu. Engraçado que a reposta que ela encontrou foi uma resposta muito parecida com a minha própria: quero me casar porque casamento é uma instituição que resistiu a todo tipo de revolução e coerção. Nada no mundo jamais impediu que as pessoas se unissem, o que faz deste uma instituição de subversão. O casamento é uma expressão, assim como a arte, e cabe ao casal desenhar seus limites e traçar seus padrões.

Recomendo este livro a todos que se interessem não só sobre o casamento, mas sobre questões da mulher em geral. Ah, e não espere que seja no estilo de Comer, Rezar, Amar. Comprometida bate muito mais de frente com a realidade e levanta questões práticas, não existenciais.

2 Comentários

  1. Oi, Mel!
    Ainda não li o Comer, rezar, amar e como esse parece uma continuação, vou ter que primeiro ler o outro rsrs. Mas tudo ao seu tempo! Minha lista só aumenta!

    Eu indiquei um selo de qualidade pro seu blog lá na chocolateria! Dá uma olhada depois!
    bjos bjos

  2. Gostei muito dessa resenha – é completa!! Sim, são muitos os aspectos abordados no livro, muitas reflexões, e você soube condensá-las em um texto muito fluente!

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