Resenha de Livro: Contos do Esconderijo – Sobre felicidade

No começo do ano, minha amiga Amanda e eu trocamos livros. Sabe como é: temos um gosto literário bem parecido e de vez em quando fazemos um escambo. Nessa útima leva, Amanda levou o primeiro volume de A Torre Negra, O Guia do Mochileiro das Galáxias e o último volume de Fronteiras do Universo, A Luneta Âmbar e eu fiquei com Artemis Fowl – A Vingança de Opala, O Dia do Curinga e um livro fininho chamado Contos do Esconderijo. Li primeiro Artemis Fowl (que preciso devolver ainda rs), depois O Dia do Curinga. Começa o drama da faculdade e o tempo de leitura cai consideravelmente. Em quatro meses minha vida de leitura se reduzia a e-mails e contos e romances canadenses pra faculdade. Entrei de férias e decidi terminar de ler minha pilha de “livros emprestados” o que me levou à pilha da Amanda, cujo único volume restante era Contos do Esconderijo.

Esse livro é uma coletânia de fábulas, contos, histórias e ensaios escritos por Anne Frank (ela mesma, fugitiva na segunda guerra mundial). Conheço Anne Frank, óbvio, e eu sabia que a Amanda é simplesmente apaixonada pela história dela, mas eu nunca realmente tinha parado pra pensar sobre ela, sabe. Nunca tinha chamado meu interesse. Meus pais leram o diário, mas eu não sei porque nunca li. Ficava sempre pra uma próxima uma próxima uma próxima… Completamente despreocupada comecei a ler Contos do Esconderijo e fiquei completamente sem palavras à medida que ia lendo…

Eu sei que a Teoria da Literatura vai rejeitar tudo que vou dizer agora, mas PROBLEMAS, eu preciso dizer: como é que alguém que viveu anos dentro de um porão consegue falar sobre felicidade de uma forma tão… viva?????????? Eu fiquei com vergonha, essa é a verdade, com vergonha mesmo de reclamar da minha vida e fazer draminha mi mi mi mi. É simplesmente assombroso. Anne Frank escreveu sobre fadas e elfos, sobre meninas solitárias, sobre a guerra, mas em todas as histórias, absolutamente em todas, estavam temas como caridade, amor pela natureza, amor ao próximo. As discussões que ela traz sobre a existência de Deus e sobre a natureza dos homens são extremamente complexas para uma menina da idade dela (ela seria uma escritora genial se tivesse sobrevivido ao campo de concentração) e no fim há sempre uma visão positiva, uma luz no fim do túnel.

Quando terminei de ler um livro fiquei sem palavras; não conseguia nem pensar direito! Como se pode ter vislumbres de felicidade e amor numa situação como aquela? Eu me sinto pequena por não poder ser capaz de enxergar o amor no mundo em situações difíceis na minha vida como perder um ônibus ou chegar cansada do trabalho. Shame on me. Como é que a gente vive procurando ser feliz e não dá a mínima pra felicidade que está ao redor de nós?

Talvez o grande lance da vida seja ser capaz de, num momento de extrema tristeza, oferecer felicidade a alguém. Mesmo que você esteja preso num porão.

4 Comentários

  1. sou simplesmente apaixonado por Anne Frank.
    e quando leio seu diário, ou os seus contos,me deparo com algo que me toca, sua fé em um mundo melhor, quando lemos o seu diário, de fato somos participantes dessa fé e desejo.
    parabéns pelo artigo.

    acabo de comprar uma versão antiga de contos do esconderijo e estou louco para ler.

    • Ariel, realmente a Anne escrevia de um jeito muito forte. Aposto que você vai se apaixonar por “Contos do Esconderijo”.

  2. Genteee!! Acabei de ver esse livro na livraria e vim saber mais sobre ele na internet, e caí aqui nesse blog, que fale falar, ameeei! Bom, eu já li O Diário de Anne Frank e AMEI, simplesmente é um dos meus livros favoritos.. Enfim, e quando vi esse na livraria, perguntei a vendedora se era com algumas histórias ou partes do diário da Anne, mas ela não soube me respondi. Mas pelo o que li aqui nessa resenha, são histórias que Anne Frank escreveu a parte do seu diário né? Esses contos estavam anexados com seu diário? E foram publicados num livro a parte (que é esse livro)? Por favor, me ajudem a esclarecer minhas dúvidas.. Ahhh, vou voltar lá para comprá-lo com certeza!

    • É isso mesmo, Renata. Os contos estava anexados ao diário. Foram todos escritos por Anne Frank. São incríveis! Vale muito a pena ler.

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